Valentina Mariot

Valentina Mariot Valentina Mariot Lenzi

Valentina Mariot foi a segunda mulher mais velha entre os filhos de Matteo e Anna (não contando a irmã mais velha, Brigida, que morreu na infância). Ela nasceu em 18 de outubro de 1865 em Longarone e viajou com o irmão Pietro para o Brasil, chegando em Urussanga em 11 de abril de 1882.[1], [2][3, P. 16]

Em 24 de dezembro de 1884, Valentina casou com Giuseppe Tramontin e adotou o sobrenome do marido. Em 1887 eles tiveram uma filha, Anna.

Porém, o casamento durou pouco. Relatos dizem que Giuseppe era alcoólatra e desaparecia por períodos prolongados.[3, P. 13] Relatos também dizem que ele maltratava a esposa[4] e Valentina eventualmente fugiu com um mascate da Toscana chamado Enrico Lenzi, com quem passou a viver no Rio Grande do Sul.[3, P. 13-14][4]

Aparentemente Valentina continuou a usar o sobrenome de casada por um tempo. Os registros de igreja em que aparecem os filhos de Valentina não mencionam quem é o pai e o sobrenome dela e dos filhos aparece como "Tramontin", o que põe a paternidade dos filhos em dúvida.

Valentina teve 2 filhos com paternidade ambígua: Liboria (1889) e Carlo (1890). A criança mais velha que foi explicitamente registrada como filha de Enrico Lenzi foi Teresa em 1888, o que sugere que Liboria e Carlo também sejam da família Lenzi. De fato, dona Leda Mariot (neta de Pietro) diz que a primeira filha de Valentina era Tramontin e os demais eram Lenzi.[3, P. 13-14]

Os primeiros filhos de Valentina foram registrados em Lagoa Vermelha, Rio Grande do Sul. Mas a maioria dos filhos de Enrico foi registrada na colônia Alfredo Chaves, 70 quilômetros ao sul de Lagoa Vermelha, como filhos ilegítimos, em 3 de julho de 1908. Em todos os registros Enrico figura como pai solteiro e ao lado dos registros, na margem, diz que cada filho foi legitimizado após um casamento ocorrido no dia 22 de junho de 1911.

Leda relata que Valentina ficou viúva pouco tempo depois de deixar o marido, devido ao estilo de vida que ele levava.[3, P. 14] O relato encaixa bem na narrativa: Anna teria nascido em 1887, filha de Giuseppe Tramontin, Valentina teria "fugido" com Enrico Lenzi em meados de 1888 e Teresa teria nascido no mesmo ano.

Na sociedade da época, o comportamento de Valentina seria visto com maus olhos, o que parece ter acontecido. Os Mariot de Santa Catarina não pareciam saber ou se importar com o destino de Valentina, que foi completamente omitida do registro de óbito do pai em 1896. Para reforçar a teoria da relação turbulenta de Valentina com a família, alguns dos seus filhos foram registrados omitindo o nome dos avós maternos.

Hipótese

Acredito que Valentina usou o sobrenome legal dela nos primeiros anos da nova vida e voltou a usar o nome de solteira quando mudou-se para Nova Prata, o que deve ter frustrado as expectativas morais dos pais e irmãos. Depois da morte de Matteo, Valentina reconciliou-se com a mãe, mas levou um tempo para reconciliar com os irmãos.

Leda conta que apesar de morar longe, Valentina nunca deixou de visitar a mãe e os irmãos e levava sempre bons presentes, pois Enrico era um homem trabalhador e decente, e eventualmente ganhou o respeito dos irmãos de Valentina. Depois da morte de Matteo, o casal levou Anna para o Rio Grande do Sul para viver com eles.[3, P. 13-14]

A família de Valentina

A colônia Alfredo Chaves era onde mais tarde passou a ser a cidade de Nova Prata. Anna Fontanella passou seus últimos dias em Nova Prata, e foi sepultada no jazigo dos Lenzi. No registro de óbito de Anna o sobrenome dela está escrito como "Mariotti", que é a mesma grafia do sobrenome de Valentina nos registros do cartório.

Relatos dizem que os Lenzi do Rio Grande do Sul eram bem de vida e eram responsáveis por um hospital e que Anna foi tratada nesse hospital antes de morrer.[4] Esse relato ainda não foi confirmado por documentação.

Existe uma fotografia de Anna Fontanella sentada em uma cadeira de balanço (presumivelmente em Nova Prata), e ao lado dela, em pé, Valentina. Existe uma versão desta foto com a Valentina completamente recortada, o que faz parecer que Anna está sozinha.

Nos registros civis de 1908, em que constam os filhos de Valentina, o sobrenome dela foi escrito com a sintaxe alterada para Mariotti. Valentina teve, até onde pude estimar, no mínimo 12 filhos. Leda Mariot resume o destino da maioria deles:[3, P. 14-15]

  1. Anna: (07/07/1887) filha de Giuseppe Tramontin. Foi com a mãe para Nova Prata na infância. Mais tarde casou com Ferdinando Lenzi, que era irmão de Enrico. Virou, portanto, cunhada da mãe. Leda afirma que morreu nova e deixou 11 filhos. De fato, ela morreu com 34 anos.
  2. Teresa: (10/10/1888) registrada em Alfredo Chaves como filha de Enrico Lenzi e suposta primeira criança dele. Casou com Renato d'Avila, com quem teve 8 filhos. Ficou viúva ainda jovem e casou de novo com Isidoro Saggin, com quem teve mais 3 filhos. Mudou com a família para São Paulo, onde residem os descendentes.
  3. Liboria: (20/09/1889) registrada na igreja como filha de Giuseppe Tramontin. Não encontrei mais informações sobre ela.
  4. Carlo: (05/11/1890) registrado no cartório de Lagoa Vermelha como filho de Giuseppe Tramontin. Não encontrei mais informações sobre ele.
  5. Leonel: (20/02/1892) casou com Lucila Finger, uma professora de Porto Alegre, mas morreu jovem vítima de tuberculose. Deixou 3 filhos e foi padrinho de bastismo de Leda Mariot.
  6. Giuseppe Luigi (José Luiz): (04/11/1893) casou com Magdalena Toaldo e teve 5 filhos.
  7. Demetrio: (09/04/1895) casou com Maria Elma Ely (de família alemã) e teve 6 filhos.
  8. Pietro: (11/02/1896) não encontrei informações.
  9. Venceslina Margherita: (28/09/1898) casou com Raymundo Zanettini. Teve 4 filhos.
  10. Ernesto: (03/01/1902) morreu com 4 meses.
  11. Adelina: (13/09/1903) casou com Rogério Galeazzi e teve 7 filhos.
  12. Attilio: (28/11/1904) casou com Catarina Schneider e teve 2 filhos.
  13. Avelino: (14/10/1907) casou com Anagilde Cherubini e teve 6 filhos.

Valentina morreu em 7 de outubro de 1947, com 82 anos. O registro de óbito diz que a causa da morte foi diabetes. Ela morreu 2 anos depois do marido.

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