Introdução

Sobre este site

Por causa do processo de reclamação da cidadania italiana, eu precisei desenterrar informações a respeito dos meus antepassados. Esse processo foi lento no começo, mas conforme o tempo passou e a tecnologia permitiu, com a ajuda de um número de pessoas, eu consegui pôr as principais peças do quebra-cabeças no lugar.

Embora a informação que obtive tenha cumprido seu objetivo, eu fiquei curioso sobre o resto da história. Para usar a mesma metáfora, esse quebra-cabeças que eu consegui montar estava muito incompleto e eu gostaria de saber o que mais apareceria na imagem se eu achasse mais peças.

Miniatura da árvore genealógica dos Mariot

E foi assim que tenho continuado, por breves períodos, todos os anos, a pesquisar mais informações sobre os Mariot. Encontrei alguns muros intransponíveis (por exemplo: de onde veio Pietro, pai do Matteo?) e esbarrei em informações completamente inesperadas (Valentina casou 2 vezes?).

Para não esquecer as coisas que fui desenterrando, eu comecei a fazer anotações. Este site é uma compilação das anotações que eu tenho, e algumas evidências para separar as histórias verdadeiras das duvidosas.

A origem dos Mariot é controversa e incerta. A maioria dos indivíduos que conheci que se preocupam com esse tema se satisfazem com explicações inventadas por charlatães que tentam vender brasões falsificados. Meu objetivo é desmistificar certos aspectos desta história e abordar este tema de maneira mais científica, providenciando evidência sempre que possível e formulando explicações plausíveis para preencher as lacunas.

Naturalmente, eu tenho informações mais completas a respeito dos meus próprios trisavós e bisavós, enquanto tios, irmãos e primos aos poucos caem em obscuridade. É difícil encontrar informações dos ramos mais afastados da família, especialmente considerando a distância, física e social, entre mim e aqueles que detêm essas informações. Ademais, mesmo com a informação nas mãos, conforme gerações aparecem, o número de pessoas se multiplica de maneira imprática. Por causa disso, eu preciso pôr um limite em algum ponto. Então, ao fazer minha árvore genealógica, eu escolhi dois pontos em que eu normalmente paro minhas pesquisas:

  1. Descendentes: 1 geração depois que o sobrenome deixa de ser usado;
  2. Ascendentes: se o sobrenome for diferente, só os pais e mães bastam: não me ocupei com os irmãos.
Miniatura da árvore genealógica dos Mariot É muita gente!

Assim, por exemplo, se uma tia minha casar e adotar o nome do marido e seus filhos, meus primos, não usarem o sobrenome Mariot, os filhos deles não vão aparecer na árvore. (Desculpem aí primos!)

Da mesma maneira, se minha bisavó, que se chamava De Brida, tivesse 5 irmãos com o mesmo sobrenome (não sei quantos eram), não é prioridade eu descobrir os nomes deles. Se eu esbarrar nos nomes, eu os adiciono à árvore, mas se houverem lacunas, paciência.

Eu comecei essas pesquisas com o intuito de fazer exatamente o mesmo que meus antepassados fizeram, apenas no sentido oposto. Temos algo em comum, portanto esse assunto me interessa. Espero que com esse pequeno tributo a eles essas informações sejam preservadas e quem sabe sejam úteis.

Sobre as fontes das informações

É interessante observar que a quantidade de informações que tenho acesso do Reino Unido é muito mais vasta que a quantidade de outros lugares. Por exemplo, eu encontrei uma lista respeitável de pessoas com o sobrenome Mariot na Inglaterra, mas quase nada sólido na França. Isso se dá, acredito, por dois motivos: primeiro porque o Império Britânico era imenso, e manter ordem em um estado desta categoria exigia ampla documentação. Os britânicos possuem uma forte tradição de escrever coisas. Segundo porque os estadunidenses herdaram dos britânicos o hábito de documentar coisas, e com a invenção dos computadores e da Internet, eles tendem a digitalizar todo o acervo literário da língua inglesa que eles podem, o que faz muito mais fácil obter informações em inglês e que dizem respeito ao passado deste grupo.

Pesquisas em francês, italiano e português exigem a visita a acervos físicos, o que nem sempre é prático ou possível. A literatura francesa e a italiana nesse tópico de genealogia são esburacadas na melhor das hipóteses e as informações em português são muito pobres e mal preservadas. O brasileiro médio tem uma indiferença lamentável à sua própria história e a maior parte das pesquisas que servem para alguma coisa dão voltas em uma linguagem cansativa e revisitando temas batidos e monótonos. (Que os italianos imigraram da Itália porque a situação estava ruim, todo mundo sabe, o que eu quero saber é como um italiano analfabeto ouvia sobre as colônias e se dirigia ao porto. O que ele levava consigo? O que ele deixava? Como ele se comunicava? Ele trocava dinheiro? Como? Por que ninguém fala sobre isso?)

Mitos ou fatos?

Para desvendar as histórias dos Mariot, nem sempre eu tive acesso à informação propriamente documentada. Algumas histórias e eventos são anedotas, ou suposições e relatos que dependem fortemente da memória de fatos acontecidos, freqüentemente, há decadas. Por isso, para abordar as histórias dos Mariot nesse site de maneira mais justa, eu formulei um pequeno auxílio visual para categorizar os relatos em 4 áreas: mitos, hipóteses, teorias e fatos.

Mitos são histórias criadas por alguém para explicar alguma coisa sem fundamentação em algo real ou através da má interpretação dos fatos ou por causa de um jogo de telefone sem fio. Quando esbarrar em um mito, eu tentarei explicar porque é um mito.

Hipóteses são conjecturas, adivinhações, sugestões ou idéias sobre o que pode ter acontecido. Hipóteses precisam ser plausíveis. Alguns mitos são resultado de anedotas ou fatos vagamente lembrados. Eu tento deconstruir alguns mitos com hipóteses.

Teorias são extrapolações baseadas em evidência ou fatos conhecidos. Teorias não se confundem com hipóteses, porque enquanto hipóteses não possuem fundamentação em evidência, teorias precisam de um motivo para serem válidas.

Fatos são coisas que sabemos que realmente aconteceram e podem ser verificados de maneira independente. Fatos não estão sujeitos a debate.

Quando houver evidências para sustentar uma teoria ou comprovar um fato, eu tenciono disponibilizar essas evidências.

Exemplos:

Mito

A família Mariot é japonesa. (Não temos evidências pra dizer isso.)

Hipótese

Os Mariot de Belluno provavelmente falavam em dialeto. (Existe um dialeto veneziano, falado no Vêneto.)

Teoria

O nome Mariot deve ser francês ou inglês. (Etimologia e demografia sustentam essa teoria.)

Fato

Giosuè Mariot perdeu a mão direita. (Além de relatos, existem fotografias.)

Nomes repetidos, traduções e variações

Muitas pessoas nesta família usam o mesmo nome.

Em algumas instâncias eu adicionei alguns auxílios visuais para discernir entre indivíduos. Um destes métodos foi mudar a cor dependendo da geração, começando pelo cinza para as gerações anteriores aos imigrantes, depois do vermelho ao violeta. Por exemplo, essa é minha ancestralidade começando pelo meu pentavô:

Pietro, pai de Matteo, pai de Giosuè, pai de Pietro, pai de Josué, pai de Gilberto, pai de Giancarlo.

Neste site eu uso os antropônimos originais dos indivíduos. Eu não acredito que nomes devam ser transliterados. Em outras palavras, eu não traduzo nomes próprios. Os italianos que foram ao Brasil deram nomes italianos a seus filhos, então eu os escrevo em italiano, como deve ser. Esta geração de brasileiros, filhos de italianos, provavelmente falava português, muitos adotaram versões portuguesas dos seus nomes e deram nomes portugueses a seus filhos. Na dúvida, quando um membro da família pertence a uma das duas primeiras gerações italianas no Brasil, o nome estará em italiano. Portanto:

Por fim, outro auxílio visual que uso, especialmente na área de downloads, é uma corrente de nomes para saber qual indivíduo é o tema de um assunto:


Assim, por exemplo, fica mais fácil discernir entre esses indivíduos:

  • Marco
  • Matteo Ignazio
  • Pietro Mariot
  • Marco
  • Defendi
  • Marco
  • Tommaso Mariot
  • Marco
  • Tommaso Mariot

Fontes das informações

Parte das informações que obtive vieram de relatos e dados levantados pelo meu pai, pelos meus tios e alguns tios do meu pai. Vasta parte das informações a respeito de Giosuè, meu trisavô, eu devo a Zelma Mariot Hilbert, sua neta e minha tia-avó segunda (prima do meu avô), que possui um amplo conhecimento sobre o assunto, não apenas por ter vivido em Urussanga e ter conhecido diversas pessoas que entram nesta história, mas porque ela também possui um pequeno acervo de publicações e fotografias e tem uma memória excelente.

Outra parte das minhas pesquisas vieram para mim, indiretamente, de Leda Tereza Mariot Belloli, neta de Pietro Mariot, que parece ter documentado suas memórias em diversas mídias. Uma dessas mídias me foi fornecida por Paulo Mariot, bisneto de Pietro e sobrinho de Leda. Indiretamente também obtive informações gravadas de Irani Baldessar, bisneta de Teresa, que teve contato com dona Leda e obteve dela preciosas informações. As gravações de dona Irani devo a Mateus Zuchinalli Canani, um membro da família Baldessar. (Mateus é sobrinho terceiro por afinidade em relação à Irani. Acho. Eu não sei o que ele seria meu.)

Eu também obtive dados de outras pesquisas genealógicas. Uma árvore que obtive é associada a um tio quarto chamado Bruno Mariot, bisneto de Pietro. Eu não sei de onde ele obteve as informações das árvores que ele desenhou, mas desconfio que ele tenha obtido através de dona Leda. Uma outra fonte de informações importantíssima foi um livro de um padre chamado Quinto Davide Baldessar chamado "Imigrantes: Sua História, Costumes e Tradições". A mãe do autor era filha de Pietro e ele incluiu informações preciosas neste manuscrito. Este livro foi completamente digitalizado por meu pai durante a pandemia de 2020 e convertida por mim em um documento de texto. O autor deixou explícito que a obra é domínio público, então ele está disponível aqui na sua totalidade.

Finalmente, alguns documentos eu obtive pessoalmente ou com ajuda de familiares em cartórios. Alguns dados eu peguei de primos distantes que tiveram acesso a documentos e os publicaram em redes sociais. Outros eu encontrei em sites da Internet, especialmente um chamado FamilySearch, que é um serviço gratuito que disponibiliza uma quantidade razoável de documentos digitalizados de cartórios e registros de igrejas, entre eles registros de Tubarão e Urussanga. Alguns dados eu peguei de um serviço similar, pago, chamado Ancestry.com, com uma conta temporária.

Eu tenho também pesquisado acervos fotográficos públicos e documentos do acervo do Sistema de Informações do Arquivo Nacional. Alguns dados peguei de artigos online com variados graus de confiabilidade e alguns livros que foram total ou parcialmente digitalizados. Por fim, mais informações consegui em trabalhos acadêmicos que estão disponíveis online e pretendo disponibilizar aqui.

A árvore genealógica que tenho no FamilySearch possui mais informações e o perfil do meu pentavô Pietro pode ser acessado neste link. Mas infelizmente esta árvore não pode ser exportada para uso em softwares de genealogia. Porém, eu fiz uma versão parcial, com 4 gerações, em formatos GEDCOM e PDF que pode ser encontrada na área de downloads e que pretendo atualizar conforme eu obter mais dados.

Vale lembrar que este site não é um trabalho acadêmico. Eu não me importo com o acordo ortográfico e não sigo "normas" da ABNT. Eu tento manter uma linguagem simples e sucinta e exponho bibliografia quando posso. Minhas referências bibliográficas são baseadas no sistema IEEE com numeração, para não atrapalhar o texto.

Conforme eu for desenterrando mais informações, eu vou, daqui para a frente, publicar neste site. Uma pequena lista de atualizações organizadas por data pode ser vista na primeira página.

Giancarlo Mariot